quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Justiça concede novo exame da OAB a deficiente visual

Bacharel em Direito, Walter mostra as duas provas que lhe foram passadas. A primeira teve a fonte das letras ampliadas, ao contrário da segunda.

 Novo caso de desrespeito da OAB e FGV contra pessoa com deficiência. O primeiro caso registrado nesse blog  foi  do Bacharel em Direito Sergio Ricardo Mondadori, pessoa com tetraplegia, teve seus direitos negados, durante o processo de exame da OAB. Sergio solicitou a utilização de um teclado especial para que ele mesmo pudesse fazer sua prova, no entanto seu pedido foi negado pela OAB e FGV (Fundação Getúlio Vargas). OAB e FGV caminhando em direção contrária a inclusão. (Nota do blog).
OAB terá que aplicar nova prova a Walter Bandeira, que se disse prejudicado na segunda fase por não ter tido acesso à prova especial
O administrador, contador e bacharel em Direito Walter Raymundo de Oliveira Bandeira, 45, conseguiu na Justiça Federal o direito a ter aplicado um novo exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Portador de uma deficiência visual ele entrou com um mandado de segurança contra a entidade por ter se sentido prejudicado pela aplicação da prova prática na segunda fase do exame.
Na oportunidade, a prova que recebeu não tinha a fonte das letras ampliada, o que lhe permitiria que lesse e respondesse as questões. As provas para candidatos em condições especiais são previstas pela própria OAB.
A sentença em favor do Walter foi dada no último dia 30 de junho, pela juíza federal da 6ª Vara, Ivani Silva da Luz. Ele alega que conseguiu provar na Justiça que foi vítima de um erro, ao apresentar as duas provas a que foi submetido – a especial ampliada na primeira etapa e a normal, da segunda, com letras miúdas, apesar da sua deficiência comprovada. Walter pretende agora mover uma ação contra a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que se manifestou contrária ao seu pedido, e apresentou em duas ocasiões diferentes manifestações antagônicas e com informações, segundo ele, improcedentes.
“Fiquei muito decepcionado ao constatar que a Fundação Getúlio Vargas, que é uma entidade renomada, foi capaz de informar que eu não estava na sala dos especiais, que me senti mal em outra sala, a 14, e que por isso teria sido encaminhado por uma fiscal para a sala especial, quando nada disso aconteceu”. Disse Walter.
Outra alegação da Fundação Getúlio Vargas seria que Walter não aceitou que a fiscal da sala dos especiais lesse a prova para ele. Essas manifestações foram feitas por ocasião do recurso administrativo movido por Walter junto ao Conselho Federal da OAB, em Brasília. Na segunda manifestação, à Justiça Federal, a entidade informa que a prova foi lida para ele.
Walter tem documentos como a lista de presenças que comprovam que ele estava na sala dos especiais e que seu nome constava da relação de candidatos de outra sala, com a inscrição ausente, o que, segundo ele, demonstra a falta de organização do certame.
Na última segunda-feira, 11, a Justiça expediu o mandado para cumprimento da sentença por parte da OAB-Seccional Amazonas. O órgão poderá recorrer da decisão.
Para Walter, no entanto, o reconhecimento da Justiça já foi uma vitória. “Como deficiente visual, tinha direito à prova com a fonte grande, como foi na primeira etapa. Na segunda, entretanto, recebi a prova em formato tradicional e não tive condições de responder a todas as questões. Mesmo assim, ainda obtive a pontuação 4,8 (para ser aprovado o candidato deve atingir a nota 6) e não fui sequer ouvido quando reivindiquei que revissem meu caso”, afirmou.Walter Raymundo.

Fonte: A Critica (14/07/11)

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